terça-feira, 9 de outubro de 2007

O QUE TE MOVE?



O que te move?

O que faz com que as pessoas saiam da paralisia dominante do nosso tempo e sigam em busca de algo maior, um significado para suas vidas?

Pior: até onde as pessoas estão dispostas a chegar para terem seus desejos satisfeitos? Quais valores e princípios serão esquecidos, colocados de lado para se conseguir essa felicidade, assim mesmo, pequenininha?

O caminho, desse modo, é como aquela figura da carroça, o burro e a cenoura. Nunca serão atingidos os objetivos (normalmente ignorados) quando o preço é passar por cima de tudo e de todos a fim de se atingir um determinado ponto. Aparentemente até se alcança, mas em um nível absolutamente rasteiro, condizente com nosso estágio evolutivo.

Dinheiro é bom. Poder é bom. Sexo é bom. As maiores alavancas de nossa sociedade.

Não são fins. São apenas, apenas, meios que devem ser usados com sabedoria. Não se pode ser escravo desses elementos; há que se dominá-los e não se deixar conduzir pelos aparentes charme e glamour e por aquilo que o nosso mundinho convencionou chamar de sucesso.

Novamente: o que te move?

Respostas para a redação

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

IDEIAS



Bang!Bang!Bang!Bang!

(Mr. Creedy) - Morre, desgraçado! Por que você não morre?

(V) - Porque atrás desta máscara, não são apenas músculos. Por baixo deles há ideias.

E ideias, Mr. Creedy, são à prova de balas.



V de Vingança

sábado, 22 de setembro de 2007

JULIA

Partimos em disparada em nosso aeromóvel e tentamos não ultrapassar o limite de 450 milhas por hora daquela via aérea. Já passava das dez da noite e o tráfego havia diminuído bastante, proporcionando condições para manobras mais arriscadas.
Não podíamos perder tempo. O pequeno James tinha que ser submetido a uma intervenção imediata. Do contrário, resistiria alguns poucos dias.
Estava sendo muito duro para nós. Não conseguíamos compreender por que aquela criatura inocente e indefesa se encontrava em tal situação. Conhecíamos, logicamente, a natureza do problema. Entretanto, era algo mais profundo o que buscávamos.
— Você não pode ir mais rápido?
— Não há necessidade. Pelos cálculos do computador, conservando esta velocidade, chegaremos ao laboratório em sete minutos e quarenta e dois segundos. Qualquer aumento de velocidade alertará os sensores eletromagnéticos da aerovia que interromperão o fluxo de energia do motor. Se acelerarmos, levaremos mais tempo para chegar do que mantendo esse ritmo.
— Sempre preciso. O que faria sem você?
— Provavelmente nada. Agora, temos que nos concentrar em James.
— Não há mais o que fazer. Apenas os especialistas poderão nos ajudar. E a James.
— Eu sei. Tenho certeza.
— É natural. Não poderia ser diferente.
Permanecemos calados o restante do caminho. As coisas estavam um pouco diferentes. Até nossos diálogos haviam mudado. Reflexo do momento.
Chegamos ao laboratório e levamos James ao centro de exames e diagnósticos. Era uma formalidade que tinha de ser cumprida antes de qualquer intervenção delicada como aquela.
Através dos enormes vidros e com a ajuda dos monitores digitais de alta definição, acompanhávamos atentamente o que acontecia a James. Instintivamente, demos as mãos. Outro ato que não combinava conosco, inconcebível até pouco tempo. Entretanto, Julia pareceu não perceber, absorta que estava nas imagens que chegavam da sala central, onde o exame prosseguia. Algum tempo depois, o chefe da equipe veio até nós. Seu semblante denotava preocupação.
— Então? Pode ser feito algo? — perguntei.
Percebendo nossa aflição, doutor Zach começou a explicação.
— O caso é complicado. Analisamos todas as possibilidades e só há uma alternativa.
Escutávamos apreensivos. Temíamos a confirmação das nossas piores expectativas. Já não estávamos de mãos dadas. Naquele momento eu e Julia nos abraçávamos, chocados e emocionados de uma forma inédita.
Assim que o Dr. Zach terminou a explanação deixou-nos a sós. Precisávamos digerir tantas informações e nos fechamos em uma sala mais reservada.
— E agora? O que faremos?
— Não nos resta alternativa. Ele necessita de um implante e só eu posso doar.
— Mas será fatal...
— Eu sei.
E assim que proferiu essas palavras, Julia abaixou a cabeça. O que presenciei a seguir me deixou perplexo. Apesar dos programas que simulam emoções estarem cada vez mais desenvolvidos, pela primeira vez vi um andróide chorar.
James era um andróide criança. Moderno, porém com componentes antigos, sofria uma incompatibilidade entre seus chips. As funções vitais não eram controladas perfeitamente e os exames mostraram que apenas um chip específico poderia evitar o colapso do sistema. Entretanto, tratava-se de um dispositivo raro, usado em pouquíssimas unidades Beta-5 e já desaparecido do mercado. Nem mesmo a tecnologia utilizada estava mais disponível.
Resignada, Julia levantou-se e caminhou em direção à porta da sala. Parou, fitou-me nos olhos e disse um adeus melancólico, com sentimento, somente visto em mulheres de verdade. Não que ela não fosse. Pelo contrário. Julia era mais mulher e mãe que a maioria dos seres humanos do sexo feminino. Sabia que não poderia continuar vivendo depois que seu chip central fosse retirado e implantado em James e, mesmo assim, não se importava. Ela o amava como a um filho de verdade. Para sempre estaria longe de mim e de James, mas Julia transcendera a condição de um organismo cibernético para transformar-se em uma criatura divina, completa, cheia de amor e entrega, sacrificando-se pelo filho sem hesitar por um só instante.
Hoje, James está perfeito e sempre me pergunta a respeito de Julia. Sinto muita falta dela e acho que ele também, apesar do pouco tempo que passaram juntos. Conto histórias sobre nós e como ela foi corajosa em se sacrificar por ele.
Felizmente, ele não se sente culpado pelo destino que coube a ambos. Quanto a mim, presenciei um milagre: uma máquina derramar lágrimas de emoção é daquelas coisas que só o amor torna possível.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

LIVROS

Falemos de livros.
O normal é pensar naqueles que nos marcaram. Ou que acabamos de ler.
Pensando em autores, há alguns cuja narrativa nos empolga, outros que sabem criar um suspense com un grand finale. Outros ainda que nos ensinam e inspiram.
Mas... quantos são?
Melhor: quantas pessoas podem citar cinco escritores, só cinco, que realmente fizeram alguma diferença em suas vidas através de suas histórias?
Não falo daqueles livros que éramos obrigados a ler na escola. Estou me referindo à leitura "voluntária".
Sem preconceitos contra estilos ou segmentos, a grande massa, infelizmente, nunca abriu um livro, a começar por aquele que deveria dar exemplo: o grande molusco barbudo.
Será que as pessoas leriam mais se soubessem o quanto aumentariam sua capacidade cerebral?
"Ah, mas livros são caros" dirá o mais apressado. Com exceção de aldeias, vilas e comunidades isoladas, qualquer município dispõe de biblioteca pública. Se pensarmos apenas nas grandes cidades, há sebos, bancas de jornais que vendem livros baratos e, é claro, as bibliotecas.
Algumas iniciativas como o PROJETO ILÚMINA (falaremos disso em outro momento) buscam incentivar a leitura, mas são gotas num oceano de ignorância e descaso, tanto do povo como, principalmente, das autoridades responsáveis pela disseminação da cultura.
A inclusão dos indivíduos em uma sociedade democrática e no mercado de trabalho passa, obrigatoriamente, pelo acesso à educação, seja ela formal ou auto-ditada. Um povo que não lê e não se instrui está condenado a permanecer nas trevas, eternamente dominado por elites inescrupulosas que se aproveitam da ignorância da população para, cada vez mais, oprimi-la.
Independentemente de regime político ou sistema econômico, Idade Moderna, Média ou Contemporânea, conhecimentos e informação sempre foram as ferramentas mais poderosas para que as pessoas atingissem seus objetivos.
Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, um número incomparavelmente maior de pessoas passaram a ter acesso (não que façam uso) às informações contidas em livros, jornais, revistas e veiculadas por rádio, TV e mais recentemente, Internet.
Entretanto, principalmente em países pobres ou em desenvolvimento como o Brasil, a esmagadora maioria da população está longe de uma educação de boa qualidade. Considerando-se, então, programas sociais voltados para levar mais cultura à grande massa, o abismo se mostra gigantesco.

Programação de rádio e televisão de baixa qualidade, letras de músicas sem nenhum conteúdo, revistas e shows televisivos que tratam de fofocas sobre artistas proliferando a uma velocidade espantosa, enfim, caos total no que diz respeito à transmissão de conhecimentos por parte de quem detem o poder de atingir o grande público.
Até por uma questão de índole, o brasileiro é acomodado e espera que os outros resolvam seus problemas. Muitos aguardam soluções milagrosas vindas do céu para solucionar suas dificuldades, sejam elas financeiras, de moradia, saúde e também, educação e cultura. Sem contar a apatia com que acata os desmandos e abusos nas esferas política, econômica, etc.
Ao contrário, deveriam sim buscar sempre uma melhor condição de vida no que tange a todos os aspectos mencionados. E, se de um lado, o brasileiro não briga por seus interesses, por outro também não se mobiliza no sentido de promover iniciativas que alterem o atual estado de coisas.
Há muito trabalho voluntário sendo realizado em todo o país, mas se for considerado o tamanho da população, o resultado dessas iniciativas isoladas é desanimador, menos para aqueles que sentem prazer em se doar e que podem ver a alegria estampada no rosto daqueles que recebem os benefícios dessas ações altruístas.

domingo, 2 de setembro de 2007

TEMPO

Entre os questionamentos que o ser humano sempre se fez, o tempo está entre os principais. A maioria tenta lidar com a percepção do que é a passagem do tempo.
Para Kant, trata-se de algo relativo, uma percepção; algo que permite nossa existência como indivíduos, pois apenas em nossos sentimentos é percebida a sucessão de fatos, e não a real simultaneidade dos mesmos.
E daí?
Que diferença faz saber isso?
Na prática, muito pouca. Até porque, na verdade, na Terra dispomos de espaço.
Estamos em um planeta baseado na matéria, em estruturas tridimensionais e nossas manifestações obedecem às leis que regem exatamente as relações materiais. Obviamente, não é só isso. Há os lados mental e espiritual que, infelizmente, não são desenvolvidos por quase ninguém. Mas isso é assunto para outra ocasião.
O ponto é: já que percebemos sua existência, o que fazemos com esse escasso tempo, ou melhor, espaço, que foi colocado à nossa disposição?
Vivemos reclamando do pouco tempo que temos para fazer as coisas, mas... que coisas? Sim, é pouco. Todavia, empregamos este precioso espaço em que coisas tão importantes assim? Esse espaço é para viver experiências e colher resultados.
Uma época resolvi andar com um caderninho e anotava tudo o que fazia e quanto tempo levava.
Fiquei impressionado como um simples artifício otimizava o aproveitamento de cada minuto. Se não fosse assim, ficaria evidente o desperdício.
O ponto é outro: posso maximizar a utilização do tempo em meu trabalho, no lazer, nas tarefas domésticas, mas o quanto eu me aproximo de meus objetivos (quais? tenho realmente objetivos? um, pelo menos, que valha a pena?)?
Será que uma pessoa se atirar de cabeça, com intensidade e volúpia, em cada coisa que faça é viver plenamente? Ou essa entrega é uma forma de não encarar seus medos, seus pontos escuros, suas fraquezas e paixões, tudo aquilo que nos afasta do real propósito da nossa existência neste planetinha?
Temos, na verdade, que usar o tempo/espaço para prestar mais atenção às coisas que nos cercam. Precisamos parar de fugir das nossas responsabilidades para com os outros e, principalmente, para conosco mesmos.
Nossa busca deve ser o crescimento como seres humanos e este espaço, meus amigos, é algo precioso e fundamental para que essa evolução ocorra aqui e "agora".
"THE SANDS OF TIME WERE ERODED BY THE RIVER OF CONSTANT CHANGE" (Peter Gabriel)